Novamente a sorte me sorriu e fui parar no Claremore Motor Inn, onde veio ao meu encontro um pouco mais da história da Route 66. Não é um marco da cidade, mas é um lugar confortável, com um recepcionista ótimo para uma boa conversa. Ele foi um antigo patrulheiro da Route e contou-me parte de um acontecimento famoso: o Bunion Derby, maratona organizada pelo promoter C. C. Pyle, a fim de despertar o interesse pela Route 66.
O vencedor da legendária corrida foi Andy Payne, natural de Claremore. Mas, Pyle, na verdade, não tinha qualquer ligação direta com a estrada. Era um empresário, especialista em fazer grandes negócios e em marketing pessoal, além de se empenhar em vender a idéia daquilo que estivesse promovendo. Até então, seu feito mais conhecido fora empresariar um jogador de futebol americano, Red Grange. Idealizou, assim, uma maratona de 5.712km, em que corredores de todo o mundo sairiam de Los Angeles, atravessariam toda a extensão da Route 66 e continuariam até Nova York. O prêmio para o vencedor seria de US$ 25 mil.
O derby prometia transformar pessoas comuns em heróis e chamaria a atenção do país para a Route 66. Isso despertou o interesse da Associação da Route 66, que viu na promoção do evento uma chance de melhorar as condições da estrada, ainda longe de estar totalmente pavimentada. O ano era 1927.
Em 4 de março de 1928, cerca de quinhentos mil espectadores assistiram os 275 corredores contornarem a Ascott Speedway, em Los Angeles, e começarem uma das mais longas e impressionantes odisséias do esporte moderno. Mesmo com atletas reconhecidos de todo o mundo, no segundo dia o número de concorrentes caíra para 199.
Havia todo o tipo de gente, velhos, jovens, um ator de cinema, que iniciou a corrida com os trajes bíblicos de um filme que estava fazendo, e até um garoto que comemorou seu aniversário de 16 anos na Route. Os familiares e treinadores acompanhavam de carro os maratonistas, assim como uma “van hospital”, outra que servia de restaurante e até mesmo um ônibus para a imprensa dormir. Por todas as cidades em que passavam, ao longo da Route 66 eram recebidos como heróis.
Nunca o mundo havia batido às portas daquelas modestas comunidades e elas retribuíam com discursos dos políticos, bandas, homenagens, saudações, tornando-se uma inesgotável fonte de noticias para os jornais e emissoras de rádio. Mas, como não poderia deixar de ser, aconteceram também alguns problemas. Corredores foram atingidos por carros. Outros pararam em cidades no meio do deserto que não tinham água para lhes oferecer. Várias localidades foram excluídas da Route por não terem concordado em dar apoio financeiro à corrida.
Em algum ponto entre o Texas e Oklahoma, um rapaz de Oklahoma, Andy Payne, assumiu a primeira posição. Era um índio cherokee cuja motivação para correr era a da maioria: precisava do dinheiro. Apesar da Depressão ter chegado oficialmente apenas em 1929, durante toda aquela década a zona rural dos EUA sofreu. Payne fora de carona até a Califórnia atrás de um emprego que nunca se materializara. Com o prêmio, poderia ajudar a família, voltar para casa e casar com a namorada. Algumas semanas mais tarde, quando os maratonistas chegaram ao Madson Square Garden, em Nova York,
Payne estava em primeiro lugar. Caiu como uma luva o fato de um oklahoman ter vencido. De todos os estados pelos quais a maratona passara, Oklahoma foi o que mais prestigiou o evento. Mais populosos do que os do oeste e menos “modernizados” do que os outros a leste, os moradores daquelas pequenas cidades se aglomeravam para ver o que estava “acontecendo no mundo”.
A Route 66 era a sua janela para a civilização. Quando ela foi fechada, quase todos aqueles lugarejos foram abandonados e relegados à estagnação. Mas, em 1928, tudo era festa. Em Oklahoma City, que eu conheceria adiante, mais de mil carros acompanharam os maratonistas, recebidos com bandas, tribunas de honra e uma multidão de entusiasmados torcedores. O governador do estado deu um prêmio especial para o primeiro colocado. As aulas nas escolas foram interrompidas para que as crianças pudessem ver a passagem dos corredores, que fazia também com que fazendeiros e profissionais de toda a espécie deixassem seus afazeres de lado. Valia a pena se aglomerar para ver os heróis.
Quase noventa dias depois de deixarem Los Angeles, apenas 55, dos 275 iniciantes, atingiram a linha de chegada em Nova York. Não havia bandas, multidões ou recepção oficial. Apenas dez maratonistas ganharam um prêmio em dinheiro, e mesmo assim tiveram que esperar cerca de seis dias até que Pyle conseguisse organizar suas finanças para finalmente pagá-los. Mas, se os nova-iorquinos não demonstraram o menor interesse, Oklahoma enviou uma delegação até a cidade para festejar a vitória de Payne.
A Route 66 viu muitos eventos ao longo de seu trajeto, antes e depois deste, mas nenhum tão grandioso. De qualquer forma, o país inteiro passou a conhecer muito melhor a 66 depois do Bunion Derby.
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