Seguindo viagem, passei por Montoya, Newkirk e Cuervo. Este trecho coincide com a rota da primeira estrada que foi aberta no Novo México com ajuda do governo federal, em 1918. Como várias outras que conheci antes, estas pequenas cidades surgiram em função da ferrovia nos primeiros anos do século XX. Alguns prédios abandonados e trechos antigos da Route são atrações da região, mas é preciso não se incomodar com os buracos, alguns bem grandes. Embora simpáticos, estes lugarejos caminham a passos largos para o esvaziamento total, desde que a Route 66 foi descomissionada.
Estava a caminho de Santa Rosa num carro alugado. Dirigia devagar por causa das más condições da estrada. Em alguns pontos, só havia uma mão, porque no outro lado restava apenas o asfalto carcomido. Embora esse fosse um trajeto um pouco perigoso, a calma era contagiante. O gado pastava tranquilo numa paisagem de ar bucólico. Era difícil, para mim, imaginar que por ali rodara um tráfego mais pesado. A certa altura, não resisti. Parei o carro, saltei e aproveitei um pouco daquele céu de azul diferente. Deitei-me de costas sob uma árvore que parecia destinada a mim. Fechei os olhos e deixei-me levar pelo som do silêncio. Só o vento arejava meus pensamentos.
Santa Rosa é uma comunidade pitoresca de três mil habitantes, fundada em 1865, cujo nome original era Aqua Negra Chiquita (Pequena Água Negra). A mudança ocorreu em 1890, quando Celso Baca ergueu a capela de Santa Rosa em honra de sua mãe. Até hoje o pequeno prédio está de pé, como atração. Muitos de seus moradores gostam de traçar a árvore genealógica que os leva diretamente à descendência de Francisco Coronado, colonizador espanhol. Cidade de tradição e com setor comercial efervescente, tem como atividade principal o lazer.
Os lagos naturais e artificiais são o paraíso de pescadores, mergulhadores e adeptos dos demais esportes aquáticos. De todos eles, sem dúvida o mais festejado é o Blue Hole, um fenômeno geológico raro. Trata-se de um lago de fonte artesiana, em forma de sino, com 25m de profundidade, que movimenta 10.800 litros de água por minuto e mantém-se à temperatura constante de 18°C. A água recicla-se totalmente a cada seis horas e talvez esta seja a razão pela qual tem uma transparência fantástica. Exatamente por estes dois aspectos — a temperatura e a transparência —, o Blue Hole tornou-se a meca para os mergulhadores e fotógrafos. É praticamente uma piscina com muito espaço para a diversão.
Santa Rosa, por si só, é uma atração da Route 66 e o tempo colabora ainda mais para isso. Durante o inverno, em nenhum outro lugar a oeste de Saint Louis a viagem é tão difícil. A neve chega firme e, na velha estrada, removê-la é complicado. Assim, não demorou muito e os viajantes antigos começaram a descobrir ali uma boa opção para pouso.
Não faltavam locais tradicionais e o mais conhecido era o Club Cafe. Em operação desde 1935, foi fundado por Newt Epps. Um ano depois de sua inauguração, nascia, alguns quilômetros ao sul da cidade, um menino chamado Ron Chavez, em 18 de junho de 1936. Morando em Puerto de Luna, a 18,5km de Santa Rosa, Chavez e sua família ficavam isolados. O único contato com o mundo era a Route 66. Embora pobres, nunca lhes faltara nada. O pai fora para a Califórnia e o Colorado, para trabalhar no campo. Os tempos da Depressão foram difíceis para todos.
Ele e a família foram para a Califórnia por uns tempos, e quando voltaram para Santa Rosa, o Club Cafe tinha praticamente desaparecido. Em 1973, a interestadual chegara à cidade e os viajantes estavam desertando da Route 66. O dono orgulhava-se de servir “comida de verdade” e não “aquelas coisas com gosto de plástico, que saem de máquinas e levam um monte de produtos químicos”, dizia, referindo-se às cadeias de fast food. Infelizmente, as coisas pioraram e, em 1992, o Club Cafe teve de fechar as portas depois de 57 anos em operação.
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