Logo que entrei no Novo México cheguei em Tucumcari, fundada em 1901. Também conhecida como o lugarejo com quatro quilômetros de comprimento e dois quarteirões de largura, virou cidade por causa da ferrovia e tem aproximadamente sete mil habitantes. Mas antes, muito antes no tempo, o lago Tucumcari fora ponto de parada para animais pré-históricos. Há evidências de que homens das cavernas, conquistadores espanhóis, pioneiros e os fora-da-lei passaram por ali com o mesmo objetivo dos dinossauros.
O seu nome é indígena e provém de uma lenda algo semelhante ao shakespeareano Romeu e Julieta. Wautonomah, chefe apache, estava doente e sentia a morte se aproximar. No entanto, sua sucessão preocupava-o. Seus dois melhores guerreiros, Tonopah e Tocom, eram inimigos capazes de se matar pelo amor de uma mulher chamada Kari, filha do grande chefe. Ela amava Tocom e odiava o outro. Certa noite, Wautonomah chamou os dois e comunicou-lhes que deveriam decidir quem seria o novo chefe por meio de um duelo de facas. O vencedor teria também a mão de Kari. A moça assistiu ao combate escondida, sem que ninguém soubesse. Quando o punhal atingiu o coração de Tocom, Kari, desesperada, saltou de seu esconderijo e cravou a faca que carregava no coração do adversário do seu amor. Em seguida, pegou a faca de Tocom e esfaqueou o próprio coração. Os três morreram. Diante da cena, o chefe apache ficou desesperado. Wautonomah pegou então a faca de Kari e matou-se. Suas palavras finais, “Tocom! Kari!”, acabaram imortalizando-se. Mas, na verdade, a área onde fica a cidade era habitada por índios comanches e não pelos apaches, o que sugere outra versão para o seu nome.
Pode ter sido inspirado na montanha que domina o cenário no sentido sul, derivando-se da palavra tukamukaru, que significa sentar e esperar alguém ou alguma coisa se aproximar. Tal informação talvez contenha um grau maior de contabilidade, pois a montanha era usada como ponto de observação para os exércitos, comanches.
Para a maioria dos viajantes da Route 66, o verdadeiro Oeste começa sempre com algum evento significativo. Um destes sinais é chegar a Tucumcari, onde hoje modernas highways cortam terrenos habitados desde os primórdios da América. É conhecida como o portão para o estado da luz e do céu, estado dos índios e dos artesãos. No entanto, decidiu se devotar a uma atividade mais prosaica: quartos de motel. Existem ali nada menos do que dois mil, número absurdo para uma cidade que tem menos de sete mil habitantes. Dizem que à noite o céu fica iluminado, tamanho o número de letreiros de neon.
Os mais famosos são os do The Blue Swallow Motel, do The Pine Lodge, do The Western Drive-In e o do The Lasso, além de muitos outras dos anos 40 e 50 que sobrevivem até hoje. No Deli’s Restaurant ou no La Cita, prova-se a típica comida tex-mex, meio mexicana, meio texana. Também acolhem bem o viajante o Paradise, o Royal Palacio, o Safari, o Cactus, o Buckaroo, o Sahara Sands, o Aruba, o Pony Soldier, o Apache e o Palomino. Para comer, as outras opções são o Del’s, o Dean’s e o Blake’s.
O The Blue Swallow foi fundado por Lillian Redman, e a influente revista Smisthsonian classificou-o como o “último, melhor e mais aconchegante dos motéis dos velhos tempos”. A história de Lillian confunde-se com a da própria Route 66. Nascida no Texas em 1909, chegou ao Novo México em 1915, numa carruagem que a trouxe à cidade de Santa Rosa, onde o pai tentaria nova vida. Ao completar os estudos, trabalhou muitos anos como garçonete e cozinheira em vários lugares do Sudoeste. Passando por Tucumcari, apaixonou-se por Floyd Redman, dono de um estacionamento de trailers na cidade. Em 1958, Redman deu a Lilian como presente de noivado o The Blue Swallow. Construído durante os anos 40, foi o melhor regalo que ela jamais havia recebido.
Desde a primeira noite de operação, eles tinham hóspedes. Já marido e mulher, assumiram o compromisso de sempre colocar o cliente em primeiro lugar. Quando os hóspedes não tinham dinheiro para alugar um quarto, aceitavam objetos como pagamento, desde TVs até bolas de boliche. Mas, se a situação fosse realmente ruim, o casal acabava hospedando de graça. O marido morreu e os pais dela também. Lilian teve então que passar uns tempos em Amarillo, mas nunca deixou de tomar conta do motel, que, até hoje, mantém as diárias que cobrava nos anos 60 (!) e conserva uma edição luxuosa da Bíblia no balcão da recepção.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o racionamento de combustível diminuiu o fluxo de viajantes na Route 66. Os civis eram obrigados a trafegar a uma velocidade máxima de 59 km por hora. Quando a guerra acabou, o movimento voltou a aumentar, principalmente porque as famílias perceberam que a viagem de carro dava mais liberdade e era mais econômica do que a de trem. Passar as férias de verão no Oeste tornou-se uma das coqueluches nacionais.
Com tanta profusão, a cidade se assemelhava a uma pequena Las Vegas. A reputação como ponto de parada seguro para os viajantes fez a fama do lugar. A Route 66 passa ali pelo Tucumcari Boulevard. Do lado direito, indo em direção a oeste, fica a parte velha da cidade. No entanto, desde 1956, quando o Highway Act foi assinado, a Route 66 começou a definhar. Enquanto o tráfego continuava através da cidade, Tucumcari pouco foi afetada. Mas a colocação de placas de sinalização tornou o trânsito pesado. Até 1981, a Interstate 40 não havia chegado lá. Só três anos mais tarde, a Route 66 foi ali oficialmente desativada.
Mesmo assim, os habitantes locais não a deixaram morrer e organizaram uma série de associações, que tiveram seu auge de atuação quando a estrada completou 66 anos em 1992. Turistas do mundo inteiro compareceram. Graças a isso, boa parte dos motéis continuou em operação. Interessado ainda em visitar atrações históricas, fui conhecer o Tucumcari Historical Museum, que tenta reconstituir a vida no Velho Oeste. Nele, milhares de itens contam sobre o passado da região: carruagens, casas de xerife, artefatos indígenas, hospitais do começo da civilização, tudo sobre a vegetação e o clima, arames farpados e pedras preciosas.
Cidade na Route 66 no estado do Novo México
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