McLean é outro lugarejo bastante pacato. Aplaca na entrada da cidade informava que a população era de 843 habitantes. Mas, no outro extremo, observei divertido que uma nova placa informava: população de aproximadamente 900 habitantes. Pensei que talvez quisessem impressionar melhor quem vinha de Amarillo, no sentido contrário ao meu, uma cidade bem maior.
O lugar estabeleceu-se como entreposto de transporte de gado por volta de 1900. O terreno onde está localizado foi doado por Alfred Rowe, um rancheiro inglês, que morreu no naufrágio do Titanic. Seu nome, no entanto, é uma homenagem a W. P. McLean, que pertencia à comissão de estradas de ferro.
Os historiadores não conseguem entender por que a cidade não homenageou Rowe, mas conta a lenda que o funcionário ligado à ferrovia esteve ali uma ocasião e fez um discurso que deixou os moradores muito bem impressionados. Isso teria sido o bastante para transformar a cidade em McLean. Existem alguns trechos da estrada velha por lá. Quando cheguei, era domingo e havia várias pessoas indo para a missa.
Acerta altura, parei num sinal e baixei o vidro, porque estava com calor. Sem querer, encarei um pedestre. Ele olhou fixo para mim e disse: “Hello”, com um aceno de mão. Confesso que fiquei espantado, porque, além dele, mais de uma pessoa acenou-me e disse o mesmo hello. De tanto ouvir que o americano preserva a sua privacidade e que o homem do interior é desconfiado por natureza, aquele gesto foi totalmente inusitado para mim. Depois, vim a descobrir que, apesar de a vida ir a passos de tartaruga naquele lugar, os moradores não se sentiam ameaçados por forasteiros. Eles os encaravam como extensão da própria família: quem viajava pela Route 66 era parte da família americana e merecia ser bem tratado.
A Associação da Route 66 em McLean possui um museu conservado com carinho e tão importante quanto o de Galena, no Kansas. Como era domingo, infelizmente estava fechado.
. O museu ocupa uma área de 1.600 pés quadrados e contém mais de trezentos artefatos sobre a Route 66, como sinais de advertência, equipamentos de postos de gasolina, livros, fotografias de época, um mapa enorme na parede com todo o traçado da estrada e o Texas Route 66 Hall of Fame.
As pessoas geralmente se esquecem de que os POWs (prisioners of war), sigla com que os americanos se referem aos prisioneiros de guerra, não são criminosos condenados e, portanto, os nazistas dificilmente tentariam fugir. Mesmo que algum conseguisse chegar à Alemanha, naquela época, teria sido enviado diretamente para o front da Rússia, onde os alemães começavam a perder a guerra, depois do longo cerco a Stalingrado. Ir para lá era morte certa.
Em 1927 aconteceram os dois maiores eventos presenciados em McLean: a cidade descobriu uma reserva de petróleo e a Route 66 chegou até ela, provocando uma onda de construções. No mesmo prédio do Old Route 66 Texas Exhibit, que é como se chama o museu, fica outro tipo de exposição muito interessante: o Devil’s Rope Museum, dedicado a um artefato inventado durante a conquista do Oeste americano. O nome é uma alusão alegórica a ele: corda do diabo, que, na verdade, é o hoje popular arame farpado. É o maior museu sobre a história deste artigo.
Outros pontos turísticos de McLean são a Texas Motel, a Carl’s Barber Shop, o Avalon Theater e o Cowboy Cafe, em torno do qual se amontoam pick-ups e aqueles enormes sedans de estilo texano, com chifres nos capôs. Os frequentadores empanturram-se com cowboy burgers, chuck wagons, rancher special, patty melts, sourdough burgers e chiliburgers abertos, além dos cowboys burritos. Tudo no melhor estilo da cozinha tex-mex, meio mexicana, meio texana.
Saindo do museu, fui tirar fotos do posto Phillips 66. Fundada por Frank Phillips em 1917, a Phillips Petroleum Company estabeleceu o primeiro local de venda em Wichita, no Kansas. O nome “66” não foi exatamente em homenagem à estrada. Surgiu durante uma reunião realizada em Bartlesville, Oklahoma, em 1927. Um dos altos executivos da empresa, John Krane, fizera uma viagem de carro até Tulsa para testar a nova gasolina por eles fabricada. Quem dirigia o carro era Saity Sawtell. A certa altura, Kane reparara que o desempenho estava acima do normal e comentara, entusiasmado: “Este carro parece estar a 60 (milhas por hora) com a nossa nova gasolina.” “Sessenta coisa nenhuma. Nós estamos a 66”, respondera o motorista. Quando souberam disso, na reunião, os empresários entreolharam-se e perceberam a coincidência: “Indo a 66 milhas por hora na Highway 66.” Eles acabavam de decidir qual seria o símbolo da gasolina, até porque uma das especificações técnicas do novo produto apontava para o número 66. Os postos Phillips 66 são uma espécie de nexo geográfico da Route 66, embora tenham se espalhado por todo os EUA. Sempre que alguém estiver perdido por ali, o que não é tão difícil de acontecer, pode procurar um destes postos vermelhos para se reencontrar.
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