Em Berlim aconteceu um dos episódios mais mercantes de toda minha viagem. Uma verdadeira lição de como se pode perder dinheiro tentando o lucro fácil. Caminhávamos perto da Ópera de Berlim, quando vimos uma pequena aglomeração de pessoas.
Era um desses caras que ficam fazendo jogos a dinheiro no meio da rua. Três potinhos virados de boca para baixo e uma pequena bola de lá, que circulava por baixo deles. O homem embaralhava rapidamente e perguntava em qual dos três estava a bolinha.
Como o jogador era rápido! Mal dava para vê-lo manipulando aquela coisinha redonda. Mas era um pouco distraído. Depois de ter embaralhado bem, ficou procurando quem apostasse, com a atenção longe dos potinhos, que ficavam no chão.
Um desconhecido que estava ao meu lado teve tempo de olhar embaixo do potinho sem que o jogador percebesse. A bolinha estava bem ali. Apostou e ganhou. “Acontece”, disse o jogador, voltando a embaralhar o jogo. A bolinha estava no da direita. Agora, no da esquerda. Passou para o do meio.
Mudou de lugar novamente e eu já não tinha certeza de onde estava. Mais uma vez, o jogador se distraiu, tirando os olhos dos potes. O desconhecido levantou um deles, de forma que pude ver. Lá estava ela! Pisei em cima daquele potinho e chamei a aposta. “Vamos lá, 50 dólares que a bolinha está neste aqui.” Só podia estar. Eu vi. Nunca foi tão simples ganhar de um jogador de rua. Eu tinha separado o dinheiro que apostei para gastar nos países do Leste, mas ganhando a aposta eu passaria muito melhor. Casamos os 100 dólares. Tirei o pé vagarosamente.
O jogador abriu o potinho com a ponta dos dedos. Nada. Absolutamente nada. Nem sinal da bolinha. Mas como podia ser? Eu vi a bolinha bem ali. Pedi para ver o interior do pote. Vazio. Fiz cara de quem tinha dado mancada e não disse uma palavra. Fiquei só observando. O desconhecido ganhou a rodada seguinte. E meus 50 dólares? Acabaram no bolso do jogador. E o que e pior: de maneira totalmente inexplicável. Durante todo o resto da tarde eu ficava recapitulando cada passo do jogo. Que golpe perfeito!
Três horas mais tarde, estávamos voltando para o albergue, justamente pelo caminho de ida. Lá estava o jogador. Não resisti e me aproximei. Tudo como antes. Embaralhava bem, o desconhecido — um novo, diferente do que estava ganhando quando joguei — abria um potinho, a bolinha estava lá, um curioso apostava e perdia. Fiquei observando pelo menos 10 minutos. Como é que podia ser? Depois de ver a bolinha, o apostador tinha que ganhar.
Fiquei tentado a jogar de novo. Era um desafio. Ficaria mais atento do que nunca. Prestaria atenção em cada dedo do jogador. Tentaria levantar os potinhos num momento de distração e ganharia. Não tinha o que errar. Esperei o momento certo. Uma rodada: o jogador se distraiu e o desconhecido ganhou.
Mais uma vez: o jogador se distraiu e o desconhecido levantou o potinho em que estava a bolinha. Pisei. “Aposto 50 dólares que a bolinha está neste aqui.” Aproximei o rosto do pote, no chão. Acompanhei os gestos do jogador, que pareciam em câmera lenta. Era inacreditável, mas o pote estava vazio. Fiquei desconsolado. Agora eram 100 dólares perdidos.
De repente, veio a revelação. O primeiro desconhecido, aquele que estava ao meu lado no início da tarde, apareceu. Cumprimentou o jogador, trocou algumas palavras e — pasmem! — tomou o seu lugar. Entendi tudo. O grande segredo do golpe era justamente a atuação do desconhecido. Ele era sócio do jogador, mas disfarçava. Estimulava os curiosos a jogar, ganhando algumas apostas e fingindo aproveitar a desatenção do jogador para descampar os potinhos.
A mão mais rápida no jogo era justamente a do desconhecido. Quando ele abria o pote, mostrava a bolinha, mas não a deixava no lugar, levando sutilmente no momento em que tirava a mão. O curioso podia até pisar no potinho, que àquela altura já estava vazio. Claro que perderia no final. Tratava-se de um golpe velho, mas aperfeiçoado. Ele exigia pelo menos três mestres da prestidigitação — o jogador e dois desconhecidos, que se revezavam nas funções. Gastei 100 dólares para descobrir a artimanha. Era uma lição mais cara do que as que tive em Harvard, mas até mais valiosa.
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