A tempestade no navio foi para esquecer

O navio tinha elevadores panorâmicos. A viagem saiu de graça, porque também este cruzeiro é conveniado com o Europass e não gastamos dinheiro com reservas. Passamos o dia em Helsinque. Visitei o Parlamento e o Estádio Olímpico e à noite embarcamos.

Fazíamos o reconhecimento da embarcação, quando avistamos em uma das salas de convenção uma mesa repleta de bolachinhas, sucos e frios. Fui entrando e me servindo. Só então me dei conta que aquele era o lanchinho de um grupo de médicos reunidos para um seminário. De fora da sala, a mesa parecia abandonada, porque estavam todos sentados junto às paredes.

O fato é que ninguém reclamou. Pelo contrario: os médicos só estavam esperando um sinal verde para voarem sobre o lanche e nós fomos o sinal verde. Deu para enganar o estômago, mas ainda queríamos mais. Tive então uma ideai que era pura gozação. Fomos até o restaurante do navio, que tinha um jantar especial: lagosta, salmão, camarões. Um verdadeiro banquete.

Pegamos nossas carteiras de estudante e apresentamos ao capitão, que ficava na porta recebendo os convidados. “Somos estudantes sem dinheiro, mas gostaria de provar um pouco dessa comida maravilhosa”, pedi. Mas tínhamos dinheiro de sobra no bolso e, como brincadeira, foi muito divertido. O capitão nos negou o banquete.

A verdade é que, naquela noite, ele e todos os outros passageiros se arrependeram de ter comido. Houve uma tempestade de dar medo. Ondas fortes chacoalharam o navio de um lado para o outro. Pratos voaram no restaurante, ninguém conseguiu parar em pé na boate.

O free-shop ficou estraçalhado, as coisas todas caindo das prateleiras e se quebrando no chão. Alguns passageiros passaram mal. Houve um principio de pânico. Nossas poltronas eram no sétimo andar e podíamos ver a água batendo na escotilha.

Alguns passageiros gritavam. No dia seguinte, já em Estocolmo, conhecemos um brasileiro na estação ferroviária. Ele tinha visto no noticiário que um navio polonês havia afundado naquela rota na noite anterior.

Cidades na Finlândia

Helsinque