Para chegar a Taquile tivemos que atravessar o lago Titicaca. O azul da água adquiria um tom mais brilhante por causa do sol forte, enquanto a balsa se arrastava entre colinas. Assim que cheguei à ilha, assustei-me com a próxima “aventura”: vencer uma escadaria de seiscentos degraus sob o sol do meio-dia, a 3.800 metros.
A cada centena de degraus, me perguntava se realmente valia a pena tanto esforço. A resposta vinha quando olhava para trás e via, de pontos cada vez mais altos, o lago e a região ao redor. Muitos pararam no meio do caminho, outros passaram mal por causa do cansaço associado ao calor, mas resolvi ir até o fim. Quando cheguei ao topo, arrependi-me de ter sequer pensado em desistir. A vista era realmente bela.
No final da escada, havia um portal de pedra, um tanto rococó, em contraste com a arquitetura sóbria com a qual vinha me deparando até então. Dali, avistava-se uma cidade construída em pedra, com caminhos muito bem traçados, que se estendia até às margens do Titicaca, majestoso como sempre.
A ilha de Taquile tem 2,5km de largura por 7,5km de comprimento. São cerca de 350 casas construídas sobre ruínas incas, em meio a ruas de pedras e a muita vegetação rasteira, que contribuía para dar um toque de cores especial àquele quadro pintado pela natureza.
A ilha tem quase duas mil pessoas, alguns com cerca de cento e vinte anos. As pessoas aqui costumam viver uma média de cem anos. Tem vários perto disso.
De cinco em cinco anos, um morador é escolhido como representante da comunidade e recebe a função de administrar a cidade. A comunidade é obstinada na defesa de suas tradições culturais. Vários administradores recusaram propostas de instalar hotéis e resorts na ilha. Preferem que tudo fique como está.
Em Taquile não há energia elétrica, nem os confortos que dela advêm. Sem televisão, a cidade ficou isolada do mundo. Cultiva e gosta do turismo, uma de suas fontes de renda, mas desde que não seja predatório. Qualquer visitante pode se hospedar numa casa de família. O contato fica mais próximo, explicando a afabilidade com que todos tratam os de fora.
A população de Taquile é de origem quíchua e tem como atividade principal um tipo de artesanato têxtil com desenhos que, na verdade, são símbolos, legados geração após geração pelos conquistadores pré-colombianos. Durante anos, esse tipo de trabalho tem sustentado a comunidade. E mais que isso, os símbolos têm importância cultural forte até hoje. Cada um tem um desenho que identifica até a estrutura social. Um dos mais comuns é o Casca-Lucero, uma estrela estilizada que representa Vênus.
Taquile depende muito das chuvas para o plantio de subsistência. A estiagem é em setembro e outubro. Só mesmo a ação da água permite lavrar o solo, porque arados primitivos usados pelos habitantes são incapazes de remover a terra, tanto a endurecida pelo gelo do inverno como a castigada pelo sol do verão.
Naquela civilização de origem pré-incaica, descobri a harmonia. O seu principal indicador era a felicidade natural do povo. E ela era incontestável. As pessoas sorriam para você, ofereciam comida e abraçavam os visitantes. Sabiam da sua importância para eles e tratavam a todos com carinho e respeito.
E, depois, quem não vive bem dificilmente dura cem anos. A incidência de pessoas com essa idade era impressionante e fez pensar que viver é viver em paz. E quem vive em paz pode viver muito. A simplicidade e o desprendimento constituíam a base da filosofia de vida de um povo que transformou num pequeno paraíso a distante e real “ilha da Fantasia” que flutua no meio do lago Titicaca.
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