Eram 4h45 e estava escuro. A certa altura, paramos em um grande cruzamento com semáforo.
O motorista fez uma conversão. Como não havia placas sinalizadoras, não tinha como saber se ele tentava dar voltas para esticar a corrida. Na realidade, isso nem fazia sentido, pois combináramos um preço fixo.
A rua que pegamos era muito mais modesta do que a avenida. Meu sentimento de mal-estar foi crescendo. À frente, uma série de desvios. À medida que nos distanciávamos da avenida principal, as ruas iam se estreitando e as casas ficando mais simples. Passamos por um cruzamento e vi uma placa escrita em árabe.
Enquanto o número de desvios aumentava, a paisagem adquiria contornos ermos, restringindo-se a uma interminável fileira de casas às escuras, sem uma vivalma na rua.
Reparei que, de tempos em tempos, o motorista me olhava discretamente pelo retrovisor. Isso me deixou ainda mais apreensivo. Se pretendia me assaltar ou algo semelhante, eu estaria no meio do nada. Com cuidado, tirei meu canivete da mochila. Abri-o e o mantive escondido na mão.
De repente, ele fez uma manobra brusca, o que não era lá muito aconselhável para um carro em estado precário. Saímos do asfalto e entramos por uma estrada de terra batida, onde uma árvore dificultava a passagem. Os buracos eram constantes e, num deles, tive a impressão de que o pneu havia furado.
O motorista demonstrava estar intranqüilo e corria a toda velocidade. Meu coração batia acelerado. Estava perplexo; não entendia o que se passava e o que aquilo tinha a ver com o caminho para Israel. Após o terceiro ou quarto buraco que sacudiu o veículo, bati com a cabeça no teto com certa violência. Ele balbuciou algo em árabe e eu não entendi. Freou de maneira brusca, levantando uma espessa camada de poeira. Assim que parou, me pediu para esperar.
Estava atônito e sozinho. Saltei com o canivete na mão e a mochila nas costas. Mantive a porta do carro aberta. Eram 5h05 da manhã e o frio persistia.
O taxista sumiu, evaporou-se. Voltou-me à cabeça aquela pergunta: será que tomara a decisão correta indo para a Jordânia? Andava de um lado para o outro, sem me afastar do veículo. Minhas mãos congelavam e o canivete queimava como uma pedra de gelo, mas continuava agarrado a ele com firmeza.
Foi então que vi dois jovens caminhando em minha direção. Assustei-me, pensando que seria assaltado. Entretanto, eles me olharam com ar calmo e seguiram em frente. Constatei, enfim, que estava numa montanha. Via o Centro da cidade ao longe. Muito nervoso, passei a ouvir vozes.
Algumas casas tinham as luzes acesas. Imaginava como conseguiria sair dali sem falar uma palavra de árabe. Afinal, notei que as vozes vinham de alto-falantes e tinham um ritmo constante. A paisagem era bucólica, com o tom dos lamentos ao fundo servindo para realçá-la. Os indícios da aurora se anunciavam, embora quase imperceptíveis para olhos menos atentos.
Enfim, aquele som monótono soou alto bem atrás de mim. Para minha surpresa, o canto da ladainha começara na casa onde o motorista entrara. A quantidade de luzes acesas foi crescendo. Agora, já não sabia se o sentimento predominante era o de medo ou o de achar tudo bastante inusitado. Estava num morro, talvez no subúrbio de Amã, ao lado de uma Mercedes velha, com um canivete na mão e cercado de mesquitas. Enquanto os galos ensaiavam os primeiros movimentos de sua sinfonia matinal, os muçulmanos rezavam. O motorista, Kalil, retornou e pediu desculpas por ter me feito esperar.
Enquanto conversávamos, fechei o canivete e guardei-o na mochila, com uma pitada de remorso por ter suspeitado de que o homem fosse um assaltante. Este foi o choque cultural inaugural da viagem.
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